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Fábula #19

O primeiro date

Depois de um match numa app de encontros e um pouco de conversa interessante no whatsapp, combinámos encontrar-nos num restaurante, para um jantar que se queria não necessariamente romântico, mas pelo menos com aspirações a um segundo date, no mínimo. O restaurante tinha sido escolhido por ela, junto ao mar e com uma espectacular vista, com um menu completo que agradaria a todos os tipos de regime. De acordo com o TripAdvisor, o serviço era explêndido e os empregados não eram demasiado intrometidos, pelo que dava para manter uma conversa fluída que permitiria que pudéssemos transportar a química do Whatsapp para a vida real.

Visto umas calças khaki azuis escuras, uma camisa bonita não demasiado berrante mas que também não era aborrecida e uns sapatos pretos não demasiado formais. Cheguei como habitualmente adiantado, para ter a certeza que não me atrasava, que a minha opinião sobre os timings dos dates são simples. O fashionably late num date heterossexual só se aplica às senhoras. Quando são os homens a atrasar-se, é só falta de educação. Assim, cerca de quinze minutos antes da hora, estou a entrar com o carro no estacionamento do restaurante.

Dirijo-me à entrada do restaurante e informo o maître de que tenho uma reserva em nome dela, para duas pessoas. Mostro o meu certificado digital de vacinação e entro no restaurante. Indicam-me uma mesa encostada à parede envidraçada do restaurante, com todo o esplendor da vista prometida em frente aos meus olhos e peço um moscatel roxo com casca de limão, para abrir o apetite. Enquanto espero e provo o meu moscatel, olho para o telemóvel, para garantir que está no silêncio. Não tenho notificações de quaisquer aplicações potencialmente comprometedoras activas, mas não quero que o telefone esteja constantemente a apitar. Com a hora combinada a aproximar-se, largo o telemóvel e deixo-o em cima da mesa, com o ecrã virado para cima.

Estou a meter o copo à boca para mais um golo do delicioso moscatel quando recebo uma mensagem no whatsapp da minha companhia. Pergunta se já cheguei. Teve um azar e sujou a roupa, por isso teve de voltar a casa, daí o atraso. Garantiu-me que não demorava mais de 10 minutos e despediu-se com um emoji a mandar um beijo. Respondo rapidamente com um "Sem problema, demora à vontade", sem informar se já cheguei ou não para não a perturbar e peço mais um moscatel e uma garrafa de água natural. Estou a meio da segunda bebida quando recebo nova mensagem dela.

"Já estou a estacionar. E tu?"

"Estou na mesa, à tua espera."

"Desculpa ter-te feito esperar. Vou só mandar uma foto para me reconheceres quando entrar no restaurante"

Paparazzo.jpg

 

O tema do momento

Todos sabemos qual é o tema do momento. Não é o calor que se faz sentir. Ou o facto de ainda não termos tido (felizmente... e que assim continue!) um grande incêndio no nosso país. Ou os casamentos e descasamentos dos famosos. Nem sequer é a silly season futebolística que todos os anos nos enfiam pelos olhos dentro.

O assunto do momento é a vacinação do COVID. Quem não tira uma fotozinha a demonstrar que já foi vacinado, simplesmente não foi. Não aconteceu.

Só que, pelo menos a mim, aconteceu. E sem foto da praxe. Na segunda-feira, fui levar a segunda dose. Em uma hora e 15 minutos, entrei e saí do centro de vacinação da minha zona. Demorei sensivelmente mais meia hora que da primeira dose. E posso dizer que estava muita muita gente lá, para ser vacinada. Mas as filas andavam de forma escorreita e os funcionários, tanto os voluntários como os não-voluntários, estavam lá e apoiavam imenso quem quer que necessitasse. No meu caso, até a senhora que lá estava a limpar o chão me deu um conselho bastante útil...

Na terça-feira, estive fora de combate. Não tive febre, mas sim arrepios. E tonturas. Se me levantasse com muita pressa, era certo e sabido que me espalhava no chão. No dia seguinte, já pude trabalhar normalmente, apenas senti algumas dores nas costas que com a ajuda do paracetamol não passaram disso mesmo. Algumas dores nas costas.

Hoje estou fino, pronto para outra. Até hoje, desde Março de 2020 quando esta porra começou, tive de fazer apenas dois testes, o primeiro obrigatório para poder entrar no meu novo emprego, o segundo fi-lo há poucas horas, para poder ir a um casamento de um amigo. E tanto quanto sei, nem eu nem os meus tiveram o diabo dio bicho.

A todos os que me seguem, todos os que me lêem, seja diariamente ou esporadicamente, um pedido. Rogo-vos, do fundo do coração. Não tenham medo de ser vacinados. Eu sei que é uma chatice estarmos nas filas de espera, que as vacinas ainda não tiveram tempo suficiente para se ter 100% de certeza de serem seguras, que não dá jeito nenhum estarmos um dia ou dois fora de combate, que é muito mais fixe ir-se para a praia em vez de se ficar fechado num qualquer pavilhão por este país a assar enquanto se espera a nossa vez. Mas estamos a falar da saúde de um povo. Não sejamos totós. Funcionemos todos em equipa. E contribuamos para minimizar o estrago que este vírus está a causar-nos!

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