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Desafio dos pássaros #3

Uma aventura/momento que te tenha marcado


By Coiso


 


Corria o ano de mil novecentos e NãoTensNadaAVerComIsso quando estava a jogar à bola no campo de terra batida ao lado do pavilhão, a 50 metros de minha casa. Era Verão, estava calor e eu estava com os meus amigos. Como não éramos muitos, estávamos a jogar aos centros. Para quem possa estar a indagar-se, o jogo consistia em:



  • Um guarda-redes

  • Um jogador a fazer centros

  • Meia dúzia de putos à molhada perto da baliza para receber o centro


As regras eram simples. O “centrador” tinha de centrar aleatoriamente, a fim de todos os jogadores terem a mesma chance de marcar golos. Os jogadores podiam ir mudando de sítio, consoante o seu “feeling”. O último a marcar um golo…. Ia para a baliza. E se o redes desse muitos frangos, continuava até começar a defender a sério. Quando saísse da baliza, tornava-se o “centrador”. Assim todos passavam por todas as áreas. De uns dias para os outros, retomavam-se as posições do último jogo.


Naquele dia, o Coiso estava como “centrador”. O jogo decorria há algum tempo. Eu tinha pedido a um dos “avançados” para me fazer um passe para eu poder fazer o cruzamento em movimento, tal e qual como nos jogos do meu Benfica. O passe vem e eu faço o centro perfeito e golo do PC. Grande golo, remate de cabeça mesmo ao ângulo, o redes nem a viu! Olha, o R foi o último a marcar, vai para a baliza. O H vai centrar.


Lá vem o Coiso para perto da cabeceira da área, o H faz o passe e eu devolvo para a zona da linha final, o centro sai meio torto, se eu correr e saltar bem alto consigo chegar à bola antes de ela chegar ao P e ao PC. Grito “sou o Magnusson do “AMinhaTerra”. Sinto a bola a bater mesmo no centro da minha testa no momento em que faço o movimento do “Sim” e vai disparada para a baliza. O R. atira-se em voo para agarrar a bola e…. GOLO! Dou uma corrida triunfal à volta da baliza a comemorar, um High Five no H pelo cruzamento e… “Coiso, o jantar tá quase pronto. Anda para casa!”.


Olho pelo gradeamento do campo e vejo o meu pai, alto e forte, a sorrir. De certeza que ele viu o meu golo. De certeza que ele está orgulhoso de mim! “Bom golo filho!”


Ser criança é ser feliz…

Desafio dos Pássaros #2

O amor e um estalo


By Coiso


 


Fui à beira da ribeira


Estavas a lavar lençóis


Ficava lá a tarde inteira


A galar-te os caracóis


 


Como não te via bem


Assumi-me a um chaparro


Encostei-me a uma ramada


E acendi um belo cigarro


 


Tavas linda até brilhavas


Já com o vestido molhado


E nem sequer suspeitavas


Que eu ali estava empoleirado


 


Já me tava doendo o cu


De estar ali no chaparro


Mas pra ver um naco como tu


Podia atropelar-me um carro


 


Tentei ajeitar-me no ramo


Mas perdi o equilíbrio e malhei


Pela mulher que eu amo


Parti os cornos que me tramei


 


Quando me viste no chão


Todo partido e cheio de dores


Pregaste-me cá um chapadão


Que eu vi tudo com outras cores


 


Levaste-me para casa a seguir


Fodida comigo e com razão


Acabámos por isso a noite a rir


A relembrar tamanho trambolhão


 


Foi assim que aprendi a mal


Que não te devo assustar


Porque levei estaladão tal


Que fiquei ca tromba a latejar


 

Fábula #11

Abriu o email e sorriu. Conforme prometida, lá estava a mensagem que ele esperava e que havia sido prometida por ela no dia anterior. Não reconheceu o email, mas não foi isso que o fez esmorecer.


"Às onze da manhã no motel, quarto 19. Podemos desmarcar até uma hora antes, por isso liga-me para o 9xxxxxxxx se acontecer aguma coisa". Não sabia que número era aquele. Só podia ser ela.


Era exactamente aquilo que ele queria. Apanhá-la em flagrante. Há meses que desconfiava que ela o traía. Criou uma conta falsa na aplicação de encontros, encontrou-a, fez-se passar por um médico recém lincenciado e seduziu tranquilamente a sua esposa em menos de duas semanas, enviando-lhe emails porcos e algumas fotografias que ia sacando da net.


Ela nunca respondia com imagens suas, mas sim com descrições excessivamente pormenorizadas do que essas mensagens e imagens lhe provocavam. Nem parecia dela aquele tipo de linguajar. Já estava com ela há mais de dez anos e nunca a ouvira sequer a dizer palavrões, excepto na ocasional topada em algum móvel da sala ou do quarto com as luzes apagadas. O sexo, cada vez menos frequente, era constantemente iniciado por ele e ela ficava de pernas abertas a respirar fundo enquanto ele a penetrava sem grande ânimo até se vir. Depois ia à casa de banho, lavava-se e deitava-se encostada a ele, dando-lhe um beijo rápido de boas noites antes de adomecer rapidamente.


Às 10:30, falou com o patrão, pediu-lhe para sair alegando uma súbita dor de dentes e conduziu o até ao motel combinado. Ao fim de 15 anos de lealdade na empresa, não lhe faziam muitas perguntas. Era um homem de sorte, trabalhador e bom chefe de família. Aparentemente, também um valente corno. Mas hoje isso ia terminar. Ia fotografar a sua entrada no motel, ia mandar-lhe uma carta do advogado a pedir o divórcio e a exigir uma compensação por danos morais tão alta que ela ia dar-lhe a casa sem mais questões.


Chegou ao hotel 10 minutos depois, no carro da empresa. Estacionou atrás de outro carro e ficou à espera. Fumou um cigarro, depois outro, depois saiu do carro, às 11:05 verificou o email. "Já cheguei!" Mas como, se não vira nenhum carro a entrar? Dirigiu-se à porta do motel, tocou à campainha, disse o nome da reserva e o número do quarto e entrou. Na garagem do quarto 19 estava um carro que não conhecia. "Que estranho".


Saiu do carro, subiu a escada, abriu a porta e encontrou uma senhora que não reconheceu sentada na cama. "Quem é você?" perguntou. "Inspectora Clara Vidal, Polícia Judiciária." Da casa de banho, saiu um elemento fardado e atrás dele, a sua mulher, em estado de choque...

Desafio dos Pássaros #1

Problemas, só problemas


By Coiso


 


Vamos partir de uma premissa inicial. Problemas de saúde são problemas sérios e não vou falar neles.


Às vezes, tenho dificuldade em compreender aquelas pessoas que dizem que estão cheias de problemas. A vida não me corre mal. Senão vejamos…


Se preciso de dinheiro arranjo um emprego. Não me lixem, que para quem precisa MESMO de emprego, qualquer coisa serve. Primeiro procuro um que pague condignamente e depois, se vejo que não encontro, procuro simplesmente um que pague qualquer coisa que me permita aguentar até ao mês seguinte. Nunca se sabe aquilo que a vida nos vai trazer depois disso… E ser empregado de restaurante, caixa no supermercado ou empregado de uma loja de roupa, é tão digno como ser polícia ou contabilista ou bancário. E paga quase o mesmo, no início de carreira.


Se preciso de sexo, que por acaso não preciso porque sou um gajo muito sortudo/jeitoso/bem-falante/todas as anteriores, mas imaginemos que precisava, tenho mais de 10 aplicações no telemóvel que me ajudam. Tenho o Urban. E depois tenho o Técnico, em caso de emergência… Claro que esta última opção pode colidir com o parágrafo do dinheiro, mas isso é uma questão de arrumação de finanças.


Se preciso de me rir tenho o Youtube, tenho o Facebook e também tenho as manhãs da SIC, com a Cristininha e o Cláudio Ramos. Também tenho o programa da Passadeira Vermelha, também com o Cláudio Ramos (ainda dá, certo?). Resumindo, tenho QUALQUER programa em que entre o Cláudio Ramos. E se calhar, arranjava aí mais meia dúzia de programas na TV que me fizessem rir. Eu é que não vejo muita televisão. Vejo os jogos do Benfica mais uns quantos programas soltos, às vezes lá vejo um filmezito… E pouco mais!


Se preciso de emagrecer, é só fechar a boca. Não é preciso milagres, não é preciso ginásio, só é preciso força de vontade e fechar a boca. Até pode ajudar ao parágrafo do dinheiro. E por consequência ao parágrafo do sexo. E como todos sabemos, o parágrafo do sexo ajuda ao parágrafo do rir. Claro que nem todos têm força de vontade e por isso socorrem-se do resto. Mas como eu costumo dizer, “beggars can’t be choosers” por isso se estás com problemas nos outros parágrafos… fecha a boca!


Tens mais algum problema? Vai à caixa de comentários e conta-mo. Juntos, poderemos procurar uma solução.

Pré-Desafio dos Pássaros

Bom dia a todos


O que é que me levou a participar no desafio dos Pássaros? Essa história é muito longa. Sei lá… o facto de ser um deles ajudou. Outra coisa que também ajudou foi que eu não bato bem da cabeça, bato o meio dia antes das 11, não jogo com o baralho todo… chamem-lhe o que quiserem. Sou maluquinho.


Comecemos por assumir que eu gosto de me meter em coisas que a minha vida profissional (supostamente) não me permite completar só porque é giro lutar contra as probabilidades. Porque desde que eu entrei na faculdade, é exactamente isso que tenho feito. Lutar contra as probabilidades. Tenho-me esforçado para, bem ou mal, levar a minha adiante.


Comecei por pagar a minha faculdade arranjando um emprego. E com isso tornei-me o primeiro filho dos meus pais a terminar o curso. Mesmo sendo o mais novo. Mas esse emprego não correu maravilhosamente… Depois fui despedido do emprego a seguir. E no outro a seguir também bati de frente com a minha primeira chefe. Até encontrar algum sucesso com o meu segundo chefe, de quem ainda sou muito amigo. Quando estava para ser promovido, aceitei uma proposta mais perto de casa, mas que foi um desastre. Não fiz aquilo para o qual supostamente fui contratado e, ao fim de 9 meses, fui substituído por dois IEFP’s.


Nesta altura fiz um sim ou sopas… Ou me metia na linha ou era (mais) uma desgraça para os meus pais. E meti-me mais ou menos na linha. Entrei numa empresa de renome em todo o mundo, estive lá oito anos e foi sempre a subir. Mudei de emprego duas vezes e neste momento estou próximo do topo da carreira, ainda antes de fazer 40 anos. E sou feliz.


Então, o que é que me levou a participar no desafio dos Pássaros? Tudo.