Amiguinhos, recostados à sombra da bananeira não funciona. Num grupo com Áustria, Hungria e Islândia, a obrigação era acabar a fase de grupos com 9 pontos, 10 golos marcados, um ou dois sofridos, 23 jogadores utilizados e tudo fresquinho para os oitavos de final. A jogar como ontem, acho que vai ser como na Coreia do Sul ou no Brasil e vamos ser eliminados ainda na fase de grupos. Espero que não, mas é cá um feeling que eu tenho.
Sou Benfiquista de coração mas da nossa selecção por vocação. Se tivesse as cunhas certas e me desse realmente ao trabalho, acho que até tinha jeitinho para esta coisa de ser treinador, porque tenho a ambição do Mourinho e o mau feitio do Jota Jota, num corpinho de Vítor Manuel bonacheirão como o Rui Vitória. Até porque um dia um amigo do meu pai que por acaso até era dos treinadores mais famosos cá do burgo disse que se eu fosse meia dúzia de anos mais velho que me levava com ele para o Iraque como adjunto e fazíamos os dois uma pipa de massa com os petro-dólares.
Foquemo-nos entã nesta selecção.
Na baliza estamos fodidos. Não há melhor que o Patricinho em Portugal. Até o Brasil, que aqui há uns anos pagava para ter um guarda-redes como o Damas ou o Bento, tem trezentos e vinte e oito guarda-redes melhores que o Patrício, a jogar em clubes como o Estoril, o Rio Ave ou o Arouca. É triste, mas é verdade. Os suplentes são o guarda-redes mais batido da história de uma Liga dos Campeões e o mais ou menos titular do Lyon, o quarto clube do campeonato Francês. Equivalente ao nosso Guimarães, portanto.
Na defesa, temos um erro de casting à direita e um puto verde à esquerda, com dois velhões a fazerem de escudeiros no meio. Com a mania de trazer camiões de brasileiros para ver se algum pega, temos de ir buscar os emigras para compor a defesa. O Raphael é bom mas ainda não sabe o que é o peso de uma competição a sério, o Vieirinha é bom para o Wolfsburgo mas não calça em nenhum dos três grandes (mil vezes o Cédric Soares...) e o Ricardo Carvalho e o Pepe já têm quilómetros a mais naquelas pernas e já precisam de ser recauchutados. O problema é que os suplas são o Bruno Alves, essa besta e o José Fonte, um tipo porreiro que é só isso mesmo, um tipo porreiro. E o capitão do Southampton, essa potência... E são estes os melhores defensores da selecção.
No meio campo, temos a nossa maior força. Danilo e William a trinco é uma luta entre dois titãs pretos (analogia ao Titã Preto do Magic the Gathering). A diferença é que o William é tenrinho e só vai às bolas que sabe que vai ganhar e o Danilo quer ir a todas e perde-se em campo. Depois temos Renato, Adrien, João Mário, Moutinho e André Gomes. Uma fartura de gajos bons. O Moutinho se perder as manias é o melhor médio do Euro, mas isso só a partir dos oitavos, se lá chegarmos. O João Mário é o melhor médio do Euro mas ainda não sabe. O Renato vai ser o melhor médio do próximo Euro e o André Gomes se quisesse esforçar-se estava na luta para melhor médio do Euro. O Adrien só foi para compor os 23, mas é tão bom como os outros quatro. O problema é que para estes alazões não pode haver amarras tácticas. Têm que ter liberdade para criar e ter um ataque móvel para servir, com avançados que recebam a bola e marquem golos ou que façam tabelas para eles entrarem. Ora a nossa selecção parece uma equipa de matraquilhos, amarrados uns aos outros tacticamente. E quando a bola chega ao Nani, ao Quaresma ou ao Ronas (que são muito muito bons, é verdade) fica ali paradinha porque eles querem é fintar e entrar pela baliza dentro. Não dá.
No ataque, já disse tudo no parágrafo anterior. Três gajos das fintas e zero pontas de lança. Não me venham falar do Éder, porque esse é um pino daqueles cor-de-laranja que há nas estradas em obras. Só que levou com alcatrão em cima. E o Rafa que é muito bom vai jogar uns cinco minutos contra a Hungria na melhor das hipóteses porque o Quaresma e o Nani têm que jogar e o Ronas mesmo que só tivesse uma perna jogava melhor que os outros todos.
O meu 11 para a selecção era ligeiramente diferente do que está a jogar. Mas infelizmente acho que o treinador levou os 22 melhores e um pino daqueles cor-de-laranja que há nas estradas em obras, só que preto. Mas garantir que o Rui Fonte ou o André Silva vão marcar golos contra defesas batidas e experientes é a mesma coisa que confiar em ganhar o Euromilhões com uma aposta de 4 números e uma estrela. Dito isto, mando aqui o meu onze titular.
Patrício; Cédric, Pepe, Ricardo Carvalho e Raphael Guerreiro; Danilo, João Mário e Renato Sanches; Ronaldo, André Silva e Quaresma.
Sábado há jogo contra a Áustria. Cuidado com os 10 jogadores titulares. O 11º é o Ronas lá do sítio. E vai partir a loiça toda.
É este senhor, Marko Arnautovic
Coisado às... 09:10